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As Oportunidades da Indústria do Esporte no Brasil: um Cenário em Transformação

Foto do escritor: Rene GuedesRene Guedes

Rene Guedes, Consultor Sênior – Luzio Strategy


A indústria do esporte no Brasil está passando por uma transformação profunda, impulsionada pelo aumento nos patrocínios, investimentos públicos e privados em programas olímpicos e paralímpicos, e pela crescente profissionalização da gestão esportiva. Esse movimento não só fortalece o esporte de alto desempenho, mas também abre um leque de oportunidades para o desenvolvimento de um ecossistema robusto, que vai desde infraestrutura e tecnologia até inclusão social e geração de empregos. Estima-se que o mercado esportivo brasileiro movimente mais de R$ 100 bilhões por ano, o equivalente a 1% do PIB, considerando patrocínios, direitos de transmissão, venda de ingressos, merchandising e turismo esportivo. Esse cenário consolida o setor como um dos mais dinâmicos e promissores da economia nacional.


A Racionalização da Gestão como Impulso Competitivo

Um dos pilares dessa transformação é a adoção de metodologias modernas de gestão por clubes, federações e entidades esportivas. No entanto, essa mudança não tem sido fácil. Durante anos, a gestão esportiva no Brasil, especialmente no futebol, foi marcada por decisões passionais, baseadas mais em emoções do que em racionalidade. Gestores que priorizavam a paixão em vez da competência técnica cometiam erros crônicos, como contratações superfaturadas e falta de planejamento a médio e longo prazos, resultando em crises recorrentes e perda de competitividade. A visão era sempre de curto prazo, focada em resultados imediatos para satisfazer a pressão de torcedores e do público.


Nesse contexto, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) se destaca como um exemplo inspirador. A entidade adota modelos de governança transparentes e baseados em dados, com foco na preparação de atletas e profissionais de apoio, além de investir em infraestrutura própria e tecnologia de ponta para treinamento e recuperação. Não é à toa que o Time Brasil Paralímpico esteja entre os 10 maiores medalhistas desde Pequim 2008 e tenha alcançado o 5º lugar em Paris 2024. A medalha começa no planejamento, na descoberta de talentos e na execução eficiente de projetos.






Esse modelo de gestão poderia servir de inspiração para a comunidade esportiva brasileira. A adoção de práticas semelhantes poderia elevar a competitividade dos clubes e federações, atraindo mais investimentos, patrocínios e atenção da imprensa especializada.


Oportunidades além dos jogos


O aumento dos recursos, públicos e privados, pode promover uma verdadeira revolução na indústria esportiva, envolvendo todos os elos da cadeia produtiva. Aqui estão algumas oportunidades potenciais:


1. Infraestrutura esportiva. A demanda por instalações modernas e tecnologicamente avançadas abre espaço para investimentos em construção, reforma e manutenção de estádios e centros de treinamento.


2. Tecnologia e Ciência Esportiva. A tecnologia também é crucial para descobrir ajustes em movimentos e técnicas de jogo que aumentam o desempenho do corpo do atleta, utilizando modernas ferramentas de análise de dados.


2. Marketing e Patrocínio. Com o aumento do interesse do público, as marcas têm a chance de se associar a clubes, atletas e eventos, criando campanhas que geram engajamento e valorização da marca, inclusive em plataformas de streaming próprias.


3. Inclusão Social e Desenvolvimento Humano. O esporte é uma ferramenta poderosa para promover inclusão e progresso pessoal. Programas em comunidades carentes podem reduzir desigualdades, oferecendo oportunidades de educação, saúde e profissionalização.


4. Turismo Esportivo. Eventos de grande porte atraem turistas, gerando receita para hotéis, restaurantes e transportes. Cidades que investem em infraestrutura e promovem eventos podem se beneficiar economicamente.


5. Mídia e Entretenimento. A popularidade dos esportes olímpicos e paralímpicos, aliada ao sucesso de modalidades como vôlei, basquete e futebol, cria oportunidades para produção de conteúdo, como documentários, séries e transmissões ao vivo.


6. Gamificação do Fã Esportivo. Plataformas digitais permitem que torcedores acumulem pontos, participem de promoções e interajam com seus ídolos, criando uma experiência mais imersiva e gerando novas fontes de receita para os clubes.


7. Impulsionamento de Negócios em toda a Cadeia de Valor. A indústria do esporte impulsiona setores como fabricantes de material esportivo, startups de tecnologia (sportechs) e empresas de ciências da vida, que desenvolvem produtos relacionados à saúde, nutrição e bem-estar.


8. Aumento da eficiência das operações pela adoção de modernas práticas de gestão. A correta priorização de iniciativas e alocação racional de recursos proporciona aos clubes uma maior assertividade e eficiência na aplicação dos seus investimentos. E essas decisões, estruturadas a partir de um bom exercício de Planejamento Estratégico, confere às instituições de um senso de estabilidade e organização que potencializa as oportunidades oferecidas pelo mercado.


A bola está na área: a janela de oportunidades para o Futebol Brasileiro


Um artigo recente da The Economist destacou o futebol brasileiro como um negócio em ascensão, atraindo atenção internacional para seu potencial econômico. A publicação ressaltou que, enquanto o Brasil continua a exportar talentos de classe mundial, o mercado doméstico está se tornando mais atrativo para investidores, impulsionado por patrocínios, direitos de transmissão e uma base de fãs apaixonada. No entanto, desafios como a criação de uma liga com regras claras de governança e gestão financeira, além da dependência excessiva da venda de jogadores, mostram que ainda estamos relativamente distantes do potencial econômico que o futebol brasileiro pode atingir.


Exemplos de clubes como Fortaleza e Mirassol mostram que é possível aliar sucesso esportivo e organização financeira. Ambos têm se destacado por campanhas vitoriosas e modelos de gestão profissionalizados, servindo de inspiração para outras agremiações.


Desafios e Perspectivas Futuras

Apesar do cenário promissor, a indústria do esporte no Brasil ainda enfrenta desafios, como a infraestrutura precária em grande parte do país, a falta de políticas públicas voltadas para a formação esportiva desde a infância e a ausência de uma cultura poliesportiva disseminada. Além disso, é fundamental que os recursos financeiros sejam distribuídos de forma equitativa, beneficiando não apenas o futebol, mas também modalidades menos populares.


No futebol, é necessário estabelecer regras que promovam a sustentabilidade financeira dos clubes e um modelo de organização que gere valor para todos, desde as categorias de base até as séries principais. Não é um desafio pequeno, mas é essencial para o crescimento do esporte.

As perspectivas, no entanto, são positivas. Com políticas públicas eficientes, colaboração entre setores público e privado e engajamento da sociedade, o Brasil tem o potencial de se consolidar como uma potência esportiva global, gerando impactos positivos em todas as esferas da economia e da sociedade.


A Luzio Strategy tem apoiado o Comitê Paralímpico Brasileiro na formulação do seu Planejamento Estratégico para os próximos 12 anos, contribuindo para o fortalecimento do esporte brasileiro e a geração de valor – esportivo e de negócios – para essa indústria tão promissora.

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